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Fumo Cirúrgico – O Inimigo Escondido no Bloco Operatório! Junho2017 INFO









Fumo Cirúrgico – O Inimigo
Escondido no Bloco Operatório!


Fernando Pinto, Gonçalo Geraldo, Manuela Garimpo, Pedro Pinto
Enfermeiros do Bloco Operatório do IPO de Coimbra


cirúrgicos de modo a avaliar o risco potencial da expo-
sição (Rothrock, 2008). Atualmente esta temática está
cada vez mais na ordem do dia, tendo sido escolhida
para a celebração do Dia Europeu do Enfermeiro Perio-
peratório, assinalado a 15 de fevereiro.

A Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações
Portugueses (AESOP) estima que existam cerca de 5
mil enfermeiros perioperatórios expostos ao fumo cirúr-
gico em todo o país, para além de anestesiologistas, ci-
rurgiões, assistentes operacionais e outros elementos
da equipa cirúrgica.

Segundo a Occupational Safety and Health Adminis-
tration (OSHA) 95% das cirurgias produzem fumo. Por
isso, é fundamental alertar os profssionais peri-ope-
ratórios para a problemática do risco profssional que
representa o fumo cirúrgico; esclarecendo-os sobre os
mecanismos que levam à sua produção, qual a consti-
tuição, efeitos nocivos e estratégias que reduzam o seu
potencial nocivo, nomeadamente com a introdução de
práticas de segurança.

Fonte: www.buffaloflter.com
DESENVOLVIMENTO

PALAVRAS-CHAVE: fumo cirúrgico, risco, segurança, A utilização de energia em cirurgia remonta aos anos
bloco operatório. 20 quando Bovie introduziu a eletrocirurgia. Usada
quer em cirurgia aberta quer laparoscópica, permite
corte por vaporização dos conteúdos intracelulares e
INTRODUÇÃO coagulação profunda ou superfcial por dessecação
ou fulguração, respetivamente (Luciano et al 1994).
O bloco operatório é por excelência uma unidade di- O aquecimento celular até à temperatura de ebulição
ferenciada tecnologicamente, que dispõe de recursos e combustão provoca rotura celular e induz a liberta-
humanos especializados, expostos diariamente a ris- ção de partículas fnas que se dispersam no ambiente
cos decorrentes da própria tecnologia, como é o caso sob a forma de vapores, gases e partículas celulares
do fumo cirúrgico provocado por dispositivos médicos (Massarweh, 2006).
ativos, que merece especial atenção pelo seu potencial
de perigo para a saúde dos profssionais. O termo fumo cirúrgico (fgura 1) é usado para descrever
o sub-produto gasoso resultante da destruição térmica
A problemática do fumo cirúrgico enquanto risco pro- tecidular no processo de corte e coagulação provocada
fssional para todos os membros da equipa periopera- por dispositivos médicos ativos como electrobisturi mo-
tória, era já uma preocupação em 1975, patente na nopolar e bipolar, laser, equipamentos ultrassónicos ou
necessidade de realização de estudos para analisar os equipamentos de alta velocidade (brocas, serras, etc)
constituintes do fumo produzido pelos equipamentos (Alp, 2006).







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